quarta-feira, 11 de julho de 2007

Análise: Shawn McDonald - Scattered Pieces: Live

Raramente gosto de cds gravados ao vivo. Excesso de instrumentos ou ausência deles, timbres extremamente agudos, enfim, não me agrada muito ouvir este tipo de produção.

Há um ano conheci um cantor folk chamado Shawn McDonald e por incrível que pareça, gostei de seu "Live in Seattle" (2005). Um violão, um violoncello, duas vozes, uma feminina e outra masculina rouca, me pareceram suficientemente bons para a proposta do artista. Lembrava-me o então em ascensão Damien Rice.

Após buscas no e-Mule, achei mais sobre Shawn McDonald. Simply Nothing (2004) e Ripen (2006) — o melhor trabalho — surpreendiam novamente. Flertes com baterias eletrônicas, sintetizadores, guitarras, efeitos e arranjos de violão bem encaixados. Tudo isto sem se render às seqüências pop rock — que vem ganhando espaço demais em quase todo o folk.

Enfim, um artista que se compromete a fazer algo novo em plenos anos 00'. Expectativa à toda e paciência para a chegada do novo cd.

Mas "Scattered Pieces: Live" decepciona. Não por repetir a mesma fórmula do último ao vivo nem por trazer mais uma vez composições que já estão presentes em dois cds, mas sim pelo "desleixo" com os arranjos. A palavra pode parecer forte, mas esta é a sensação que tive ao ouvir o novo álbum.

Aqui, violoncelo, piano, violão, baixo, guitarra e bateria se misturam como num grande ensaio.

Os característicos arranjos de cello não estão presentes, enquanto o guitarrista abusa dos slides nas músicas lentas. Me senti ouvindo um cd de música havaiana em alguns momentos. Sem falar do solo de qualidade técnica contestável em "Take Hold".

Shawn até tenta salvar algumas faixas com uma pegada mais voltada para o black music, arriscando um beat box acompanhado da bateria. Algo que agrada muito mais quem curte o show ao vivo que os ouvintes do LP.

Três músicas dentre as 17 do longo álbum são novas. "Pride" tem ritmo, melodia e apresenta um vocalista rasgando agudos e falsetes com sua voz rouca. A variação "eletrônica" apresentada pela bateria acústica ressuscita o ânimo do ouvinte e termina a música bem.

"Shadowlands" começa com guitarras, um piano rhodes e uma levada bem gostosa. No entanto, peca pela bagunça do improviso excessivo de todos os instrumentos. Talvez seja audível já que não dura muito, apenas 2'30''.

"Hush" é uma das baladas consagradas do artista. A slide-guitar incomoda, mas a entrega de Shawn à composição salva parcialmente a música de ser uma canção de ninar — "cause dad is gonna sing you a lullaby", como ele mesmo canta. O looongo tempo de duração — 6'46'' — cansa.

Um cd dispensável na discografia do artista. Paciência e que venha o próximo álbum. Em estúdio. Ah... já disse pra vocês que não gosto de álbuns ao vivo?

Nota: 2,0|5,0